Cinzeiro.

Ontem à noite, você disse que me amava. E os seus olhos tinham a mesma expressão que a de um cão quando pede comida. Mas nós dois sabemos que ao pronunciar cada letra da frase "eu te amo", o que você realmente disse foi, em uma forma desesperada, "me ame, me ame", palavras causadas pela carência de um corpo quente ao teu lado na cama ao acordar, e pela possível paixão existente dentro do teu peito. Ou do teu pênis. E o que eu esqueci de mencionar é que o meu peito - ou o meu pênis - tem essa mesma necessidade de ter alguém do meu lado ao acordar. Talvez eu - em todos os fragmentos humanos existentes dentro de mim - tenha necessidade de ter alguém. Alguém, alguém, alguém. O que não foi mencionado também é que esse alguém talvez seja você.