terça-feira, dezembro 21, 2010

Your worst nightmare.

Ele era a melhor pessoa que eu havia conhecido. Cada detalhe, cada traço, cada defeito, cada qualidade... Tudo formava uma imperfeição perfeita. Se eu tivesse que escolher, diria que os olhos eram o que mais gostava nele. Aqueles olhos cor hazel que contra a luz ficavam ainda mais claros... Eles não saíam dos meus pensamentos. E através daqueles olhos, eu sempre sabia o que ele pensava, sentia. Talvez ele fosse a pessoa que me fez chegar mais perto de saber o que é amor. E eu me apaixonei. Apaixonei-me a primeira vez que ele olhou em meus olhos cansados e distraídos. Desde então, eu nunca mais tirei-os de perto dele. E apaixonei-me ainda mais a primeira vez que meus lábios tocaram os seus. Aqueles lábios macios, o beijo delicado e intenso. Ele sempre sabia o que falar. Cada palavra que dizia me encantava só de ouvir sua voz. Ele realmente sabia me fazer bem. Mesmo sem querer.


Abri os olhos e eles estavam completamente molhados e minha respiração ofegante. Perguntei-me por quê. E foi então que veio a pior cena que eu já vi em minha vida.

***

Era uma sexta-feira. Meus amigos haviam me convidado para uma festa na casa de não lembro quem. Eu não queria ir sozinha, então convidei-o para me acompanhar. Ele foi. Como eu me arrependo de tê-lo convidado...
Encontramo-nos mais tarde. Ele pegou a minha mão e me deu aquele abraço que não havia melhor. Conversamos por algum tempo até nos aproximarmos mais. Sua barba mal-feita passando em meu rosto liso trazia uma sensação incrivelmente satisfatória. Ele dizia coisas românticas ao meu ouvido. Sua voz ficava mais sexy e calma toda vez que ele falava sério de forma que sempre dava vontade de beijá-lo. De repente, estávamos abraçados conversando sobre qualquer besteira que ele gostava, quando umas pessoas estranhas e terrivelmente assustadoras apareceram. Falaram algumas coisas que eu não conseguia entender por causa do nervosismo. Ele pegou minha mão e saíu correndo. Disse-me que tínhamos que sair. Mas não conseguíamos achar a saída de jeito nenhum, era como um labirinto. Foi então que as mesmas pessoas nos encontraram. Eu não conseguia entender o motivo de estarem tão irritados. Ele me deu um beijo e disse que sentia muito e me empurrou, fazendo-me descer rapidamente uns lances de escadas. Eu não conseguia vê-lo mais.
Meus amigos me acharam e me puxaram pra onde estava tocando música alta e todas as pessoas dançando. Eu disse que não queria ir, mas estavam embriagados, não existia "não". Depois de algum tempo, consegui fugir deles e o encontrei. Eu estava do lado de fora, não tinha como alcançá-lo. Ele estava amarrado em correntes e as pessoas faziam coisas horríveis. Eu comecei a chorar e gritar seu nome desesperadamente. Alguém me puxou e levou-me pra algum lugar.
Não lembro de nada que aconteceu desde então. Lembro-me de ter acordado no outro dia e todos diziam que ele estava desaparecido. Eu perguntava por quê, o que aconteceu, ninguém me respondia. Era como se fosse invisível para todos ali presentes. Ninguém podia me ajudar, ninguém podia ajudá-lo. Um dia após o outro e ele não aparecia. E eu desaparecia aos poucos. Minha vida estava acabando.
Nós dois nunca namoramos exatamente. Mas essa palavra na verdade era só um rótulo. Existia um laço muito maior do que namoro entre nós. Existia uma coisa que poucos conhecem em toda sua vida. Não existe um nome exato para isso, mas é bem parecido com algo que alguns chamam de amor. E agora eu o havia perdido.
Havia perdido minha força, minha paz, minha felicidade, minhas alegrias, meus sorrisos, seus sorrisos, nossos abraços, nossos beijos, nosso amor. Não estava certo. Eu tinha que encontrá-lo. Saí correndo, sem me importar por onde eu passava ou pra onde eu ia. Fui ao local da festa, o qual estava fechado e não havia ninguém dentro. Pulei o portão. Procurei em todas as janelas, todos os lugares e não o encontrava. Foi então que eu achei seu casaco. Era o casaco que ele mais gostava e também meu favorito. Simplesmente o deixava com uma aparência ainda mais bonita. E em mim, ele servia de cobertor. Peguei-o do chão e abracei-me a ele, procurando seu cheiro. Aquilo me acalmou por um tempo, mas me fez chorar mais ainda.
Voltei para casa decepcionada. Quando abri a porta, achei um bilhete no chão. Ele dizia "Você é a pessoa mais linda que eu conheci. O mundo não funciona sem ti. Pois você é o motivo para ele girar." Era do dia em que ele dormiu em minha casa. Comecei a procurar por suas lembranças e dormi, após chorar até meus olhos não abrirem mais.

***

Após lembrar-me de toda as cenas e pensamentos, eu comecei a chorar novamente. De olhos fechados, virei-me para o lado na cama, procurando seu travesseiro para sentir seu cheiro. Ele tinha o melhor cheiro do mundo. Quando eu estendi os braços para pegar o travesseiro, encontrei um corpo. Um corpo conhecido. Eu conhecia cada traço daquele corpo. Então abri os olhos. Ele estava lá.
- O que houve? - perguntou-me.
- Você voltou - esbocei um sorriso. - Onde estava? O que aconteceu? Eu passei os piores dias da minha vida.
- Do que você está falando? Eu nunca se quer saí daqui.
Eu sorri. Acariciei o seu rosto e beijei-o. Abracei-o o mais forte que pude e sussurrei em seu ouvido:
- Eu te amo. Eu te amo muito, muito, muito. Não me deixe nunca.
Ele me beijou. Foi um dos melhores beijos entre nós dois. Tinha gosto de... de amor. É. Talvez fosse isso que eu sentia por ele. Ou talvez fosse algo maior. Tudo que sabia é que nunca estive tão feliz por tê-lo ao meu lado. Eu estava convencida de que ele nunca poderia ir embora. Eu não deixaria.

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