quinta-feira, novembro 10, 2011

Diálogo

So many fish there in the sea. I wanted you. You wanted me.


Acendi um cigarro e deitei-me ao chão para observar as estrelas. A noite estava linda, o que voltava os meus pensamentos ao de sempre: o motivo de minha inquietação durante a noite, os meus sonhos de todas as noites. Pus-me a pensar, então, sobre qualquer outra coisa para distrair-me. Foi então que o telefone tocou. O número que pensei. Meu coração hesitou por um momento, mas atendi:
(silêncio). Não conseguia pensar no que dizer. Traguei o cigarro e soltei a fumaça rapidamente, para que pudesse perceber que estava ali. Oi? Oi. Tudo bem? Tudo. Hm... E você? Tudo. Hm. Vou desligar. Ta. Fiquei em silêncio enquanto brincava com a fumaça do cigarro. Logo resolvi quebrá-lo. Escreve pra mim. Escrevo. (silêncio) Volta pra mim. (silêncio). Volto. Mesmo? pude ver seu sorriso, mesmo do outro lado da linha. (silêncio) Eu sinto sua falta. Eu também. Acendi outro cigarro. Sente minha falta? Não exatamente. Como assim? Sinto falta do seu olhar, da sua voz, da sua expressão irritada, preocupada. Sinto falta de como você era otimista quando eu ficava otimista e vice-versa. Fiz uma pausa enquanto tragava mais uma e outra vez. Sinto falta de você dizendo que deveria parar de fumar, de você me xingando quando me embriagava, mas se rendendo às minhas doces e embrigadas palavras. Sinto falta da sua mão, do seu toque, do seu beijo. Sinto falta de como eu era com você, e você comigo. Sinto falta de nós, de tudo que fomos e tudo que não fomos. (silêncio) Você devia parar de fumar. Por que? Traguei uma última vez e apaguei o cigarro. Porque ainda quero passar muito tempo contigo. E? E eu odeio hospitais. Por que você me deixou? Eu... Foi o que pensei. (silêncio) Vou desligar. Não. Por quê? Foge comigo. Não da pra fazer isso por telefone. Ouvi sua risada. Sinto falta até do teu sarcasmo. Então me responde. É complicado explicar. Não pode ser mais complicado do que você. Talvez esse seja um dos motivos... Talvez. Você volta? Pare de fazer isso comigo. Está certo, eu não te mereço. Não se faça de vítima. Mas você é um anjo, só um anjo poderia te merecer... Você é um anjo. Não sou. É sim. Você volta? Volto. Pude perceber seu sorriso novamente. Mas é pra ficar. Sem problemas. Sem problemas... Repeti enquanto acendia outro cigarro. Você não vai parar né? Desculpa, é que você me dá nos nervos, não posso evitar. Desculpe... Tudo bem, já me acostumei uma, duas, milhares de vezes, não vai ser difícil mais uma. Eu te amo. Eu fujo contigo. Pra onde? Pras estrelas. Que brega. Shhh.
Ficamos em silêncio por mais algum tempo, até que estava quase pegando no sono e pude ouvir sua voz novamente. Amor? Hm? minha voz de sono era evidente. Senti falta de te chamar assim. Já ouvi isso antes... (silêncio) Boa noite, amor. Boa noite, meu anjo. Que brega. Nós rimos. Desliguei o telefone ouvindo o som de sua risada se repetindo em meus pensamentos. A única coisa que desejava naquele momento era que não fosse apenas mais um de meus sonhos. Mas dormi. Dormi com um sorriso de orelha a orelha, sem me preocupar em acordar no outro dia. Sem me preocupar em estar no chão frio. Só queria ficar naquele sonho pra sempre.

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