Você foi embora e desapareceu do meu campo de visão e de alcance em poucos segundos, como se nada do que ocorreu tivesse importância. Eu não me importei, era um direito seu. De repente, aparece de novo cometendo injustiças e apontando dedo na cara de quem não deve. E então, eu lhe mandei embora. E você foi, sem pensar duas vezes. Não me importei novamente, só pensei que era hora de trancar a porta.
Com a porta trancada, às vezes olhava pelo olho mágico para ver quem passava pelo corredor. Vários seres desconhecidos, conhecidos, misturados, entrelaçados, despedaçados. E logo veio o silêncio total. Ninguém chegava perto, ninguém passava. Nenhuma alma viva no corredor.
Após algum tempo, resolvi destrancar a porta pra entrar um vento, pois estava calor. Vento entrava por todos os lados, cada vez mais frio, cada vez mais devastador. Vento vem, vento vai, e inicia-se um terremoto em meu estômago. Meu corpo treme, minha mente começa a girar, e de repente o motivo aparece: seus passos inconfundíveis; as placas tectônicas que causavam o terremoto. Enquanto se aproximava, tive de rapidamente esconder-me, mas esqueci a porta aberta. E você passou reto, nem mesmo pensou em entrar. Não sei nem se olhou, e isso talvez eu nunca saberei. Talvez seja melhor assim, mas ainda acho que nunca deveria ter passado no mesmo corredor novamente. Só queria entender o por quê.
Tanto tempo e tão pouca coisa para digerir. Foi tudo tão simples, curto e grosso como um pai que diz não ao seu filho. E depois de tanto tempo pra digerir, por que esta indigestão assim tão de repente, como se houvesse um mundo inteiro dentro de mim ao invés de apenas algumas palavras em minha mente?
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